O quarto livro de poemas da autora carioca vai desde versos sobre um peixe que lĂŞ Drummond, já que “ficou aberto o livro/ do lado do aquário”, atĂ© reflexões sobre a saudade, esse sentimento que “nĂŁo Ă© da ordem do tempo/ mas sim do espaço”. É claro que, tratando-se de poesia, nada Ă© bem o que parece. Ou nada Ă© somente o que aparece na superfĂcie. O conjunto, que flerta com o surreal e brinca com o prĂłprio gĂŞnero literário, parece buscar demonstrar como todas as formas estĂŁo conectadas na existĂŞncia. “Os reinos animal (rĂ©pteis, vaga-lumes, aves, moscas, rĂŁs, porcos, abelhas), vegetal (belas emĂlias, cravos, rosas, magnĂłlias, amarantos) e mineral (basalto sanguĂneo) se tornam o motivo e os interlocutores de Adriana, numa reafirmação da interconectividade de todas as formas vivas, sua igualdade de protagonismo, sua interdependĂŞncia”, escreve a poeta Cláudia Roquette-Pinto no prefácio do livro, que tem orelha assinada por Prisca Agustoni.