Pequenos equívocos Rogério Pereira Campo Largo – PR Cantamos músicas ridículas para embalar um nadador que nunca se completou e nisso também nos parecemos: nadamos feito avestruzes abandonados numa cachoeira Abril de 2021, Edição 252, Rogério Pereira
O naufrágio Rogério Pereira Campo Largo – PR Precisávamos nos aboletar em velhos fuscas, brasílias, por estradas de terra, até a igreja; a noiva teria o privilégio de ir no banco da frente Edição 251, Março de 2021, Rogério Pereira
A roseira Rogério Pereira Campo Largo – PR De tempos em tempos, a mãe me estendia um copo plástico com água, era preciso regar a roseira, um prosaico plano para mantê-la viva Edição 250, Fevereiro de 2021, Rogério Pereira
Insônia Rogério Pereira Campo Largo – PR Ali mesmo fazíamos a assepsia dos corpos de muitos ossos e pouca carne, pois a suculência de um tico-tico é apenas um estalo entre os dentes Edição 249, Janeiro de 2021, Rogério Pereira
Três cavalos Rogério Pereira Campo Largo – PR Por que estes cavalos ficam aqui? Não sei nada sobre os animais, apenas que há alguns anos ocupam todo o amplo terreno no final da rua Dezembro de 2020, Edição 248, Rogério Pereira
O ano que nunca existiu Rogério Pereira Campo Largo – PR Para mim, 1994 é apenas uma cicatriz aberta, por onde sangram um livro de capa vermelha e dezenas de outras ausências Edição 247, Novembro de 2020, Rogério Pereira
Um cálculo para Deus Rogério Pereira Campo Largo – PR Na tábua de salvação, os dez mandamentos sobressaíam feito um dragão de fogo a bufar sobre nossas cabeças piolhentas Edição 246, Outubro de 2020, Rogério Pereira
Oração Rogério Pereira Campo Largo – PR Olhai por nós, Senhor, na solidão perpétua do corpo, no descanso eterno de todas as nossas inquietações Edição 245, Rogério Pereira, Setembro de 2020
Três almas penadas Rogério Pereira Campo Largo – PR A chuva escancarava nossa vergonha. A mera possibilidade nos apavorava. Agosto de 2020, Edição 244, Rogério Pereira
Carta a F. ou O assobio perdido Rogério Pereira Campo Largo – PR Aquele homem dependurado pelo pescoço numa árvore é meu avô. Balança o corpo vertical na solidão da corda Edição 243, Julho de 2020, Rogério Pereira